Conselhos de depressão e os três tipos por trás deles.

Você já conhece as pessoas por trás dos tipos mais comuns de conselhos para quem tem depressão? Veja nesse post os três tipos mais comuns que eu encontrei. Eu tenho certeza que você deve conhecer pelo menos um destes conselheiros.

Quem sofre de depressão e ansiedade vai enfrentar vários desafios não só dentro de si mesmo como pensamentos e sentimentos conflituosos e complexos mas também com o que outros vão recomendar, dizer, explicar e aconselhar sobre a doença.

A depressão e a sua irmã gêmea a ansiedade são as doenças que parecem afetar boa parte da população cada vez mais. Nenhum remédio, terapia milagrosa, tecnologia de ponta, dietas mágicas, super alimentos, descobertas científicas vai conseguir reverter isso.

Na verdade, é um bom mercado para a venda de remédios e suplementos além de dietas que prometem mudar a química do cérebro. É lá que se acredita estar a raiz de todo esse grande mal. Enfim, isso é assunto para outro post. Hoje quero falar dos três tipos de pessoas que vão aparecer na vida de uma pessoa deprimida.

Fui eu que fiz

Eu criei essas categorias baseado na minha experiência pessoal ao lidar com depressão e com a final vitória contra ela. Eu estava refletindo sobre como foi no passado, na época em que eu estava nas piores fazes e agora anos depois quando comecei a falar mais sobre o assunto e criar meios de ajudar outros a também superarem a depressão e a ansiedade.

Essa classificações são ilustrativas e resumem ou condensam um pouco da sabedoria popular sobre a depressão e como as pessoas lidam e no que acreditam quando querem dar sua opinião na internet ou querem aconselhar um conhecido.

conselho para quem tem depressão

A avestruz

O primeiro tipo eu chamarei de avestruz. Você provavelmente deve saber que essa ave é conhecida por quando de cara com o perigo enfia a cabeça num buraco e sem poder ver nada ao seu redor ela tem a sensação que se livrou do perigo. Se não vejo o problema então ele não deve existir mais. Essa é a ideia desse primeiro tipo.

Esse é aquele tipo de pai, mãe, amigo ou colega que vê claramente que o filho, parceiro, amigo ou colega está sofrendo de ansiedade, mas não quer acreditar que seja verdade e não aborda o assunto de nenhuma forma.

Pode se identificar pelos conselhos motivacionais superficiais do tipo: dias melhores virão, a vida é linda, você tem que dar graças a Deus que tem saúde, podia ser pior, podia ter crescido sem pais, família, etc.

Essa pessoa vem com certeza de uma família em que casos de depressão e/ou suicídio já aconteceram e ao ver que alguém próximo mostra as mesmas características ela/e prefere ignorar já que isso lhe trás memórias e sentimentos dolorosos.

Uma mãe que perdeu seu pai ou sua mãe para um suicídio vai achar realmente difícil de aceitar que seu filho/a no começo da adolescência ou início da vida adulta mostre a cada dia mais sinais muito parecidos com o que ela mesmo sentia quando lidando com a própria mãe ou pai.

Isso é interessante porque é exatamente isso que acontece. Alguém que vem de uma família como um histórico de doenças mentais tem uma grande probabilidade de também sofrer dos mesmos problemas. Não porque é genético nem nada dessas crenças antigas, mas porque a pessoa vem do mesmo ambiente e aprendeu a lidar com as emoções da mesma forma.

No meu caso foram as avestruzes que me rodeavam quando mais jovem no meu círculo familiar. Tive um avô que se jogou da ponte então você já pode imaginar como a história da família seguiu. Os filhos e netos desse senhor condenados a sofrer das mesmas pertubações mentais. Mas nunca se falou sobre isso abertamente.

Isso me levou só aceitar que algo estava mesmo muito errado quando tive um diagnóstico com mais de 20 anos de idade. Até então eu achava que aquele sofrimento era parte normal da vida.

O tipo avestruz você deve ter encontrado mais quando era criança e/ou adolescente.

O segundo tipo é o cheio de dedos.

Aquele tipo que aparentemente que não tem medo de falar sobre o assunto. Está aberto para falar sobre as doenças mentais sem tabu e com coragem. Até põe posts amarelos em setembro e brancos em janeiro nas suas redes sociais. Mas isso é até a página 2. Se for observar mais de perto as falas dessa pessoa vai ver que não passa de uma constante repetição de clichês e conhecimento comum popular mesclado com uma certa tirada de corpo.

Pense em todas às vezes que um caso de famoso que após anos de luta contra a depressão e ansiedade acaba tirando a própria vida ou até mesmo quando isso se passa com um desconhecido, mas o caso acaba ficando muito falado.

O que mais se vê e se escuta é gente repetindo os mesmos conselhos: procure ajuda, converse com alguém, procure um profissional, depressão não é frescura e outros conselhos que você já deve estar farto de saber. O que acho irônico no caso de morte de famosos é que eles já tinham toda ajuda e apoio possíveis e necessários que o dinheiro pode comprar. Parece então que esses conselhos não têm uma lógica lá muito consistente.

Isso me irrita um pouco porque eu passei por isso e sei como é chato ser tratado como incapaz. Claro que deve ser ter cuidado e respeito pelas pessoas. Seguir as recomendações dos profissionais é importante para o tratamento, mas quanto mais as pessoas fazem esse grande drama mais parece que a depressão é um grande segredo, uma bomba prestes a explodir e qualquer coisa que for dita o deprimido vai pular da janela mais próxima.

Muitas instituições também evitam falar com muito medo de que alguma coisa que eles digam possam arranhar a sua imagem. Por isso ficam nas campanhas superficiais.

Esse é o tipo que atualmente mais encontro. Assim que decidi falar mais sobre a minha experiência pessoal e como vou usar isso para ajudar outros a também superarem a depressão escuto e leio comentários de pessoas “muito bem intencionadas” que dizem coisas como:”ah! você tem que ter muito cuidado ao falar sobre o assunto”, “”você precisa ter três doutorados em Harvard para abordar esse assunto”, “ah! tem que ter muito cuidado ao falar sobre a depressão”,“ é muito perigoso falar sobre isso” e outras coisas similares.

Essa pessoa, na verdade lá, no fundo morre de medo de falar sobre o assunto de forma mais profunda porque primeiramente não conhece o assunto a fundo sobre o assunto e em segundo lugar ainda tem os tabus e medos enraizados dentro de si. Repetir o que todo mundo diz parece ser a forma mais segura de mostrar interesse e ficar do lado seguro.

Nada mudou. As redes sociais, os “psico pops” que agora existem aos montes online não causaram uma grande revolução. Se fala cada dia mais sobre os sintomas da depressão, o que, na verdade não é o correto já que depressão em si, é um sintoma e não uma causa.

Eu acredito que todo esse conteúdo pode ter levado a maior número de diagnóstico, mas não causou nenhuma diminuição de casos ou aumento da felicidade em geral.

O terceiro tipo é o que chamo de sabichão

Esse são os que espalham as palavras da sabedoria popular pelo mundo. São os que muitas vezes não sabem que eles próprios sofrem de alguma forma de depressão.

São os que repetem coisas que a gente conhece bem: que é tudo frescura, sendo falta de Deus na vida, que após casar passa, vai se divertir, vai sair e encher a cara que vai melhorar, etc.

E como essa pessoa pode ela mesmo ser deprimida e não saber? Porque ela sempre tem alguma coisa para se ocupar e ainda diz que, assistir vídeos no YouTube, ficar no Tik-Tok ou Instagram, jogar futebol, ir ao bar, ir à academia, ligar para os amigos para fofocar, assistir séries, ir ao cinema, cozinhar etc. é a sua terapia.

Na verdade, isso se chama fuga da realidade. A terapia é o contrário; é você enfrentar e lidar com a sua realidade. Fazer coisas para preencher o vazio e esquecer por algumas horas a dura e dolorosa realidade passa longe de ser terapia. Isso é tão verdade que essa pessoa passa a vida inteira fazendo essas coisas, passando o tempo e não faz mudanças significativas. Os anos se passam e ela está estagnada.

O sabichão se diferencia da avestruz pelo fato de ignorar totalmente como a doença funciona ou se as vezes duvidam da sua existência. Já a avestruz sabe que a doença existe, vê seu filho, marido, esposa, amigo ou colega de trabalho mal, mas prefere ignorar. O sabichão já prefere destilar sua sabedoria popular e acredita que está dando os melhores conselhos.

Por incrível que pareça encontrei psiquiatras e outros médicos que me deram conselhos dessa natureza na época em que eu peregrinava entre consultórios em busca de uma solução para a depressão quando se ela se tornou insuportável.

“O segredo do amor é o segredo”

Essa frase do Alry Cravo me vem agora a mente quando relembro como aprendi a lidar com esses três tipos. Bom, para resumir eu posso partilhar como me livrei de boa parte desses tipos.

Se você tem controle da sua vida, sabe quem é e sabe fazer as tuas escolhas, você sabe o que tem que fazer e não precisa pedir conselho nem ajuda de outras pessoas. Pessoas que sabem igual ao até menos do que você.

Isso significa que a chave está em nós. Quando descobri como ir atrás do que queria e aprendi a fazer ser a criadora da minha jornada, precisei menos e menos dos conselhos alheios.

Imagina se você vive de pedir conselhos para cada decisão que vai tomar vai ter muita gente pronta para dar palpites isso é certo. Isso significa que você ainda não está seguro de si. Se a cada passo você precisa ligar para a mãe, perguntar ao marido e filhos então você está vivendo como uma criança.

A ideia é que quanto menos você precisa contar a tua história para dizer o que precisa menos vai ter que se expor a esses conselhos dos três tipos que eu descrevi acima.

Claro que eliminar cem por cento dessas conversas não é possível. Quando você era criança ou adolescente era obrigado a ouvir os conselhos dos familiares e escutar sem dizer nada.

Ainda hoje eu escuto conselhos não solicitados e eu apenas sorrio e aceno.

Se precisar de uma opinião ou ponto de vista sobre uma decisão procure os familiares, ou amigos mais próximos e verdadeiros e irão te ajudar a encontrar uma solução ao olhar uma questão de uma ângulo diferente e não os que vão te dizer o que você deve ou não deve fazer.

Perguntas que te levam a refletir e encontrar a resposta por conta própria ao invés de somente dizer qual decisão você deveria tomar é um sinal que você tem um bom ouvinte do outro lado.

Se você conseguir estudar, aprender, ir a fundo no assunto por conta própria vai te economizar muito tempo. Saia da média e do conhecimento popular. O que professores, pais, médicos, cientistas, etc. nos contam é resultado de um cérebro extremamente preguiçoso.

Se os conselhos deles fossem bons mesmo essas pessoas seriam as mais felizes e livre de doenças do mundo. Claro que não são então respeite o que dizem, mas vá atrás de descobrir e encontrar as suas próprias respostas.

Não aceita o que te dizem sem pesquisar mais a fundo. Isso inclue o que estou dizendo aqui. É como aceitar conselhos de como ter um relacionamento perfeito de uma pessoa que não pára em uma relação.

No entando eu quero concluir dizendo que na maioria das vezes pessoa com depressão não ouve conselhos. Isso porque muitas vezes esta pessoa não está querendo resolver um problemas. O que ela quer no fundo, de forma inconsciente, é a piedade e simpatia alheia.

Somos condicionados a pensar que alguém ou alguma coisa lá fora de nós nos causou nosso sofrimento atual. Nada mais lógico esperar que esta mesma pessoa ou pessoas ajeitem para nós.

Mas isso nunca aconteceu. Siga o blog para mais reflexões sobre o porquê esperar não vale a pena.

Obrigada por ler até aqui.

Lembro que eu tenho um programa para te ajudar a sair da depressão ou outra questão que te aflija. Resumi o que aprendei nos últimos 15 anos para você não ter que fazer o longo caminho que fiz. 

Clique aqui para saber mais.

Até o próximo post.

Flora.

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